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Nome completo:

 

Gabriela Menezes Muñoz

 

Formação profissional:

 

- Educação Artística pela UFRJ

 

- Pós-Graduação em Psicomotricidade e Yoga pelo IBMR

 

- Formação em Yoga pela ABPY

 

- Dakshina-Tantra, Kailasa.

 

 

“O Hatha Yoga é o método que descobriu o corpo humano como seu mais poderoso, acessível e legítimo instrumento para trabalhar o complexo sistema de energia do campo sutil. E através de suas técnicas, tendo o corpo como veículo, vem equilibrar nossa personalidade nos colocando no caminho da evolução integral.” Gabriela Muñoz.

Consciência e corpo – Minha experiência:

 

Após meus estudos no que diz respeito aos significados do corpo e do indivíduo integral no Yoga e em alguns setores da Psicologia ocidental, sinto-me inclinada à fazer uma reflexão do que aconteceu em minha vida.

Há 19 anos trabalho com Yoga. Sempre senti necessidade de um intenso trabalho corporal, pois tenho tendência a queda de energia, inércia, sonolência e baixa pressão arterial. Fui artista plástica, performer, bailarina. Apesar do intenso trabalho físico ao qual são submetidos aqueles que escolheram a dança como profissão, e dos diversos momentos de alegria que esse caminho  me trouxe, observava que ainda faltava algo para que me sentisse plena.

 

Ao descobrir o Yoga, encontrei o que me faltava para estar integradal: entender o corpo como instrumento transformador, veículo de expressão de minha consciência, sentimentos e emoções. Ao abandonar a visão separatista ocidental de que o corpo é um setor e a consciência e psiquê outros, abriu-se espaço em mim para a visão do todo. E é apenas com essa visão total que podemos nos sentir inteiros e em paz.

 

Em decorrência dos resquícios dessa visão ocidental separatista em mim, conseguia flexibilizar meu corpo, todavia minha mente e minhas emoções mantinham-se rígidas, estagnadas. Como se houvesse um obstáculo constante que impedisse que fossem acessadas. A estagnação de energia em certos chakras impedia-me de “fluir” em unidade, o que causava-me mau estar, angustia e insatisfação frequentes.

 

Ao encontrar o Yoga, minha realidade de insatisfação interior foi aos poucos dando espaço para uma outra, de maior aceitação e compreensão de mim e das dinâmicas da vida como um todo.

 

Quando não se tem essa consciência da unidade essencial em nós, a gente vive assim meio perdido. É como se algo estivesse sempre faltando, amputado, sequestrado de nós mesmos. O Yoga nos dá a chance de encontrar o caminho para consciência plena, integral. Através do qual se entra em contato com a felicidade real e presente. Para mim, é entender o corpo como condutor da flexibilização e transformação da mente, da fluidez das emoções, da estabilidade dos pensamentos mesmo quando em transformação  constante.

 

O Yoga nos torna íntimos desse instrumento – o corpo, ao disponibilizar diversas técnicas para a harmonização da nossa energia pessoal.

 

É o processo legítimo de flexibilização dos músculos, articulações, das vísceras, da mente, das emoções. O Yoga nos abre a mente para abandonar antigos padrões  habituais de pensamento. Nos torna dispostos à transformação, receptivos ao movimento constante das mudanças inesperadas que a vida nos apresenta; nos motivando à manter-nos naturalmente adaptáveis à qualquer situação sem maiores consequências emocionais. É o processo individual de desidentificação com o sofrimento e identificação com o total.

 

Agora, tenho condições de compreender que não somos donos de nada nem de ninguém e não temos controle sobre as situações da vida, pois todas elas correspondem à uma realidade universal de nascimentos e renascimentos, da natureza, do ser humano inserido no contexto do todo universal . E, sobretudo, corresponde à uma real fragilidade da condição humana, contra à qual não podemos lutar apenas compreender e aceitá-la tomando nossas providencias possíveis, é claro, para nos fortalecer física, mental e emocionalmente. Nos vermos e sentirmos como parte fundamental e indivisível, desse todo que é o universo.

 

Minha mãe é portadora do Mal de Alzeinheimer há 21 anos. Com a doença dela, tenho aprendido muito tb, e por ter estudado yoga posso ver esse episódio de forma diferente que veria há 21  anos atrás.

 

Entendi que há coisas que não podemos explicar, mas também sempre há o que fazer para buscar maior harmonia possível dentro das adversidades. Aprendi à procurar desvincular a mente sempre dos padrões socias e culturais pré-estabelecidos utilizando, sim, outros pontos de vista, outros referenciais, novos caminhos. Libertando a mente do apego, sabemos que não somos donos de nada,  e que apenas obedecemos à uma ordem natural universal. Podemos praticar, diariamente essa disciplina de  desassociação mental com o processo do sofrimento. Compreendendo que somos felicidade essencialmente.

 

Não que seja fácil ser espectador de tudo. É sim um treinamento constante!

 

Me convenci que apesar das limitações do corpo físico, minha mãe está aqui presente de diversas outras maneiras, diferentes é claro dos padrões com os quais estamos acostumados à conviver. A consciência independe do corpo, sendo assim mesmo em um corpo doente ela permanece presente, ainda que não possa manifestar-se.

 

Há outras questão essencial que devo ressaltar da minha experiência com o Yoga: é o quanto aprendi com as enormes superações dos alunos ao longo das práticas diárias que conduzia.

 

Confesso que quando comecei à dar aula de Yoga, nem sabia muito bem o que estava fazendo, mas ao observar a impressionante superação de meus alunos com as práticas, entendi o quão poderoso era o instrumento que tinha em minhas mãos.

 

Pessoas que vinham à mim depressivas, com  julgamentos internos de incapacidade de lidar com suas próprias vidas e frustrações, e iam se transformando, surpreendentemente um pouco à cada dia com a prática. Dispondo-se através do Yoga à uma nova leitura da vida.

 

Na prática de ásanas, a tentativa é  desfazer as tensões do corpo na permanência das posturas para fazer fluir a energia. Disciplinando a mente para manter o corpo estável, sem tensões, e consequentemente, dissolvendo paradigmas mentais prejudiciais. Aprendi que a minha conduta no ásana era a mesma conduta que devia adquirir frente à vida, sem cobranças e comparações respeitando minhas limitações, desapegando-me dos  julgamentos, aceitando minha realidade pessoal distinta à de qualquer outro ser.

 

Deixo aqui meu depoimento do que  vivi, da minha experiência, das minhas impressões.

 

A principal lição, de forma bem sucinta é que o equilíbrio é uma busca diária e constante que devemos praticar noo presente, a tranquilidade dentro das incertezas,  o eterno treinamento de flexibilização mental.

Renunciar à todos os tipos de julgamentos que estão atrelados à questões sócio-culturais,  egoicas, emocionais e afetivas.

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